Por Francis Ivanovich:

O Grupo Sobrevento em seu novo espetáculo “Pérsia”, dramaturgia de Sandra Vargas que divide a direção com Luiz André Cherubini, presenteia o público com um poema cênico dedicado à liberdade.

O poema se materializa através do delicado objeto casa à sombra de uma árvore aparentemente seca, iluminadas pelo sol magistral de Renato Machado.

O sensível elenco, composto por Maurício Santana, Liana Yuri, Daniel Viana, Thaís Pimpão, e também Sandra Vargas e Luiz André Cherubini, conta e canta as distâncias e perdas, os achados e perdidos, aproximando o Irã e o Brasil, histórias regadas por saliva e lágrimas, brotadas dos desertos e dos sertões humanos.

Ao meu ver, o competente elenco alcançará, em breve, a organicidade que a narrativa poética requisita. Narrativa fortemente amparada no objeto casa, em miniaturas, e pela marcante luz que é, sem dúvida, um importante personagem.

Creio que isso ainda não ocorreu, devido à tamanha demanda de precisão em cena, o que será resolvido com o tempo das estações, possibilitando que o poema se torne carne e a árvore floresça esplendorosa.

Pérsia tem muitos méritos, mas há de se destacar o de colocar em cena o homem e a mulher comum, oprimidos pelos podres poderes, pessoas que só desejam viver em paz e com liberdade, seja em sua terra natal ou adotada.

Pérsia é um lindo poema cênico nascido dos desertos que nos desabitam, que o Grupo Sobrevento, de maneira admirável, nos revelam em um espetáculo carregado de beleza, afeto e coragem.

Um espetáculo para os que não temem a travessia. Imperdível.

*Francis Ivanovich é jornalista, dramaturgo e cineasta, criador e diretor do Prêmio Nacional de Dramaturgia Flávio Migliaccio, e editor geral do Notícias do Teatro.


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