Por Francis Ivanovich*:

Neste dia 1º de maio penso nas trabalhadores e trabalhadores do teatro brasileiro, desde a pessoa que está na bilheteria, a que executa a limpeza de um teatro, os profissionais que fazem a manutenção, os eletricistas, o iluminador, o operador de luz, som, cenógrafos, figurinistas, autores, atrizes, atores, diretores, produtores, enfim, nos profissionais que atuam direta e indiretamente nesta arte milenar que tem como principal característica a resistência.

Neste 1º de maio, as trabalhadoras e os trabalhadores do teatro brasileiro continuam invisíveis, mesmo que aparentemente seus rostos, seus nomes, sua profissão apareçam nas redes e nos diversos meios de comunicação. A invisibilidade a que me refiro responde pela rubrica DIREITOS.

Diariamente estou em contato com o teatro brasileiro, e cada vez mais fico impressionado com sua força, sua capacidade de resiliência, superação e atuação. Todos os dias, sem exagero, todo santo dia uma nova peça teatral estreia neste país continental. Toda semana começa um novo projeto teatral, seja mostra, festival, oficinas, cursos, debates, etc.

O Teatro não é o primo pobre das artes, pelo contrário, ele movimenta muito dinheiro todos os dias por este país afora. Um espetáculo teatral não se restringe ao palco, a plateia, em volta dele há uma engrenagem social vibrante que mexe direta e indiretamente com setores prestadores de serviço como transporte, alimentação, segurança, tecnologia da informação, vestuário, energia elétrica, combustíveis, educação, entre outras, atividades que geram muitos empregos e impostos.

O Teatro é arte presencial, portanto, ele tem a capacidade de gerar riqueza concreta em tono de si e em si mesmo. Infelizmente a classe teatral não tem consciência da sua importância para a economia do país. É uma classe que não dialoga, vive num eterno e enfadonho monólogo, ainda aprisionada no individualismo, cada produção cuida da sua vida, num salve-se quem puder pouco producente.

Por ser uma atividade que afeta diariamente a vida real da pessoas nas cidades, em todo o país, o Teatro merece atenção real pelo poder público; merece ser olhado com mais respeito, como, por exemplo o cinema é tratado. Arrisco dizer que o teatro brasileiro movimenta tanto ou mais recursos do que o cinema brasileiro.

Um filme leva anos para ser feito, e seu orçamento no Brasil raramente ultrapassa 10 milhões de Reais. Se somarmos todas as produções teatrais brasileiras, de pequenas às grandes, mais a movimentação financeira diária que gira ao seu redor, através da participação do público quando vai a determinado espetáculo ou festival, não me surpreenderei que o resultado revele que o teatro brasileiros ultrapasse em muito o que o Cinema produz para o país. A ideia está colocada, que os especialistas me convençam do contrário, mostrem os dados.

Está mais do que na hora do Teatro Brasileiro ter uma política séria para o seu desenvolvimento, realização, formação profissional e de plateia. E cabe a classe teatral reivindicar seu lugar ao sol. Não há outro caminho, caso contrário, o setor continuará nesse monólogo egóico e estéril. Lembro do conselho do velho barbudo, trabalhadoras e trabalhadores do teatro brasileiro, uni-vos!

A classe teatral deve lutar por um teatro forte e com capacidade de preservar seus direitos e botar comida na mesa. Não há outro caminho.

Feliz dia do trabalho pra vocês! Viva a potência do Teatro Brasileiro!

Francis Ivanovich é jornalista, dramaturgo e cineasta, criador e diretor do Prêmio Nacional de Dramaturgia Flávio Migliaccio, e editor geral do Notícias do Teatro.


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