Por Marcela Avellar:

Ao ler seus textos, percebi algumas reflexões bem interessantes, como por exemplo, as diferentes formas de se fazer dramaturgia e a que o senhor se aprofunda: a dramaturgia como criação de realidades. Isso me intrigou bastante, pois nunca havia pensado dessa forma. Transformar a palavra em ação, correlacionar as técnicas de composição cênica, isso tudo é uma maneira simplesmente fascinante de olhar a dramaturgia, que vai muito além do texto. Criar uma realidade única, que transcende o palco e dialoga com o indivíduo, com o público, a partir dos sentimentos, emoções, do corpo-dança, isso é a vida do teatro! Se não há comunicação, não há teatro. Agradeço profundamente pelas ricas considerações.

Tenho uma dúvida relacionada à sua jornada como dramaturgo, poderia me contar como foi seu desenvolvimento? O momento em que o senhor decidiu que iria trabalhar com isso, se já escrevia antes ou se foi algo que foi sendo construído com suas vivências? Adoraria saber também como iniciar esse processo, se é interessante investir em cursos específicos de dramaturgia, se existem editais para submeter as peças, etc. Será que aqui no Brasil, temos espaço para esse tipo de produção?

Sobre o tipo de teatro em que estou interessada, ainda não tenho uma resposta pronta, apesar de gostar muito de teatro oriental, dança Butoh etc, também me identifico muito com tragédias gregas, com a escrita de Shakespeare e Molière e com as reflexões de Boal. Gosto muito do Teatro do Absurdo e da Commedia dell’arte. Enfim, ainda estou me descobrindo nesse mundo, mas a ideia de uma crítica à sociedade através de uma arte mais “ousada” sempre me atraiu.

Como imagino “escrever” peças teatrais: acredito que é um trabalho que vai muito além da escrita, como mencionou em seus textos, existe toda uma observação, reflexão diante da realidade e muito questionamento entre ator, mensagem, público, transformar a palavra em ação, através dos sentimentos, da expressão, é algo que me fascina. Sou escritora de contos, e imagino que o processo de criação possa até ter momentos parecidos, mas transpor para a linguagem teatral e estabelecer uma relação entre texto e ator, isso me parece ser algo de extrema complexidade, afinal o objetivo da peça é a encenação. Se o senhor puder contar brevemente sobre seu processo criativo e o que acha mais difícil na elaboração de uma peça, muito me agradaria.

Vou acompanhar seu trabalho através dos links e do instagram, agradeço novamente pela disponibilidade e também pelo interesse em responder o email. Quero lhe parabenizar novamente pelas reflexões e pelo seu trabalho como artista!

Que possamos manter contato e conversar bastante a respeito de dramaturgia e Teatro!

*Marcela Avellar é leitora do Notícias do Teatro e escreveu ao articulista Norberto Presta.


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