Por Ronaldo Ferreira de Almeida:

Assisti no palco do teatro Sesc/São Gonçalo (27/04), a peça Josephine Baker (1906-1975), que conta a história da americana naturalizada francesa,  dançarina, cantora e ativista negra. No palco, a atriz multifacetada Aline Deluna que dá vida a Baker, artista das mais importantes dentro da cena cultural mundial do século XX. 

A atriz brasileira é uma verdadeira show-woman: interpreta, canta, dança e cativa a plateia. O seu corpo transborda em estado poético,  na mais alta potência. Eu me sentia dentro do palco, viajando com Josephine, e também a dançar ao som da banda jazzistica. A plateia não está diante de uma imitação, mas diante de uma atriz que empresta seu corpo, sua voz e o seu talento para interpretar Josephine Baker. Aline Deluna é, sem dúvida, uma grande atriz.

Aline Deluna resgata a força da mulher preta e conta essa história com uma interpretação ímpar, numa América que sempre resolveu apagar a historicidade do  povo negro. Aline nos faz relembrar que a mulher sempre esteve em momentos importantes da história.

Neste caso, Baker, que, em 1963, depois de voltar para os EUA,  participou da famosa passeata em Washington, ao lado de Martin Luther King. Josephine foi a única mulher a falar em público (com seu uniforme francês).

Baker foi, sobretudo, protagonista da sua própria história. Uma personagem controversa num período em que ser negro já era um motivo de preconceito e racismo. E, sendo assim, negra e mulher, um motivo maior para um mundo que dividia negros de um lado e brancos do outro.

A atriz Aline Deluna destaca que Josephine seria, hoje, no Brasil, uma jovem da periferia carioca. A sua história é uma trajetória de superação, através da arte que levou mundo afora.

O palco do Sesc São Gonçalo parecia pequeno naquela noite mágica. Eu quisera que todos estivessem comigo para vislumbrar a vida daquela atriz. Uma pulsão de vida estava em Josephine Baker,  a despeito de toda realidade. O legado de resistência ainda persiste na trajetória de todos que resistem contra as diferenças sociais.

Serviço

Aline Deluna: Josephine Baker 

Texto: Walter Darregue

Direção: Otávio Müller

Músicos: Bruno Mendonça,  Léo Collyer e Michael Anatacio.

Circulação Sesc

03/05- SESC Barra Mansa

11/05- SESC Nova Friburgo

18/05- SESC Teresópolis.

24/05- SESC Quitandinha.

31/05- Teatro Rosinha de Valença.

01/06- SESC São João de Meriti.

15/06- SESC Nova Iguaçu.

(Foto Divulgação)

*Ronaldo Ferreira de Almeida nasceu em Niterói e mora em São Gonçalo. É poeta e escritor. Tem uma forte identificação com a favela, pois seus pais nasceram em uma das Favelas cariocas (Pavão-Pavãozinho). Ele trabalhou durante anos dentro do complexo do Salgueiro (Bairro das Palmeiras-SG) implantando diversos projetos sociais. É um apaixonado pela vida, a despeito de toda desigualdade social, acredita que dias melhores virão; através de força, foco e fé. Ele acredita que a escrita é um agente motivador de ação para mudar o status quo social. Atua como colaborador na Agência de Notícias das Favelas – ANF.


Descubra mais sobre Notícias do Teatro

Assine para receber os posts mais recentes por e-mail.