Por @paulinho_sacramento*:

Associo através da mitologia iorubá que Ogum, como Orixá da tecnologia, abre os caminhos através das ferramentas tecnológicas. Como sou filho dele, inicio minha coluna voltando ao ano de 2020, explico.

No mundo do Teatro o distanciamento social, que começou em março de 2020, foi inicialmente visto como uma tragédia. A obrigatoriedade da presença conjunta de artistas, técnicos e espectadores no mesmo local e momento que sempre foi fundamental para as artes cênicas, acabou.

Porém, o distanciamento físico não conseguiu conter a criatividade e o desejo de se expressar, revelando a resiliência e adaptabilidade do mundo artístico diante das inúmeras adversidades tecnológicas que seguem seus fluxos a cada segundo.

Enquanto a humanidade questiona o seu futuro, os artistas teatrais também refletem sobre o destino da sua arte. Surgiram espetáculos virtuais, transmissões ao vivo, performances em formato digital, hologramas e até adaptações de peças para serem apreciadas com interação à distância.

Os artistas teatrais também refletem sobre o destino da sua arte. (Imagem IA)

Por falar em avanço tecnológico, a coluna de hoje destaca as novas tecnologias usadas por companhias de teatro pelo mundo. Inicio destacando o Cirque du Soleil, que está buscando expandir a percepção de seus espetáculos, além do diretor e ator Hilton Cobra que se utiliza da técnica de projeção e gigantismo em seu espetáculo Tragam-me a cabeça de Lima Barreto que está viajando o mundo e impactando a plateia por onde passa.

Recentemente lançado, o jogo Cirque du Soleil Tycoon da Roblox, oferece uma experiência de jogo única e tecnologicamente avançada que combina as mirabolantes jogadas de entretenimento do Cirque du Soleil com o mundo envolvente do Roblox. Roblox, uma popular plataforma de jogos online, oferece um ambiente dinâmico para os usuários criarem, jogarem e interagirem.

A magia do Cirque du Soleil e as capacidades tecnológicas do Roblox resultam numa experiência de jogo visualmente deslumbrante e envolvente e os jogadores ficam imersos em um mundo onde a criatividade encontra a tecnologia, permitindo-lhes experimentar em primeira mão a emoção de dirigir um circo.

Em outras produções, projeções mapeadas em pequenas e largas escalas também vêm sendo utilizadas com frequência, não só pela possibilidade estética, mas também pelo custo benefício de produção de cenários. Projetores de última geração e lentes super potentes elevam o grau de percepção do espaço, envolvendo o público em um espetáculo visual hipnotizante e interativo que se integra perfeitamente ao ambiente físico da sala.

Empresas de tecnologia e experiências de entretenimento vêm se mostrando cada vez mais importantes nas produções teatrais, acústica e tratamento de som de altíssima qualidade também estão presentes em diversas salas de teatro do Brasil, como o Teatro Amazonas, que se destaca como um dos tesouros acústicos do país, a Sala São Paulo, considerada uma das melhores salas de concerto da América Latina, ou, o Sesc de Maringá que tem o teatro mais moderno do Brasil, no quesito cenotecnia.

Fazem parte do teatro por exemplo, a infraestrutura completa de iluminação cênica, sistemas de iluminação dimmer, DMX (LED), varas de luz, torres de iluminação, além de toda a gama de equipamentos de iluminação, áudio e vídeo, mesas de controle, projetores, telas de projeção, acústica com defletores e painéis acústicos, móveis ou fixos e pisos de palco.

 A iluminação, projetada e executada por uma empresa paranaense, tem mais de 1 milhão de tonalidades. É possível chegar a uma tonalidade nova a cada movimento dos refletores, só para listar algumas salas modernas e importantes do setor.

Que a tecnologia siga cumprindo suas funções e a criatividade continue trilhando os caminhos possíveis para o encantamento do teatro.

Até a próxima!

*Paulinho Sacramento é Carioca, Cineasta, Artista Digital,  Diretor da S23 Gestão Cultural, Arte e Tecnologia e da Ogum Filmes. É idealizador do Rio Mapping Festival, considerado o maior festival de vídeo mapping da América Latina.

(Foto: Circus Roncalli que evitou a tradição, trocando carne e sangue por projeções holográficas).


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